terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Tomás Francisco Maitri

Tem um quê de puras e originais. protegidas de uma poluição mundana, são uma vida em potencial no seu estado mais belo de ser. em explosões borbulhantes de ondas vão se identificando com outras partes, se criando íntegra, total.

...quem as faz? faz-se por si mesma(o). precisa de um empurrãozinho, um ponto de contato qualquer que dê ignição à fagulha e o xispar de vida se ascende e vai pela estradinha, percorrendo encontros, desencontros...só vai e vai, nunca volta.. nunca há volta é tudo uma ida só rumo ao fim do mundo, rumo ao fim de tudo o que se conhece ou se pensa conhecer.

! a magia da barriga fecundada é aquela vidinha tão descompromissada que bóia lá dentro, para crescer e vir a ser gente com perfeito acabamento de pele macia e cabelinhos, com mãozinhas e pezinhos cheios de dedos, até impressões digitais, formosos desenhos em espirais, órgãos remexendo por dentro (lá onde o olho nu não alcança), e vários filtros, que sem escolha individual vão capturando as belezas e as tristezas desse nosso mundinho sem porteiras, nem eiras, nem beiras.

...mas a magia da barriga fecundada é... mistério de algo silencioso. olho nu também não vê. acontece em plena sintonia com cada coisa que faz o corpo/mente/espírito ser o que é. e cresce junto com as batidas do coração da barriga, ao que consta a coisa pequena que inda não veio ao fim da etapa barriga, tem 3 mm e já com batimentos cardíacos, um pequeno tipo de girino? voltaremos um dia às águas, aos profundos oceanos novamente? todo o começo, contém seu próprio fim. para onde vamos, me pergunto... começará no fim da estrada, lá onde se deita o pôr-do-sol? ou essa coisa de começo e fim foi homem branco que nomeou assim?

.a pequena bolinha de células super-interessante com formação inexplicável e coerência em sua organização está apenas indo e descobrindo. desconhece raciocínios lógicos, se concentra em viver, em agrupar cada vez mais vida em torno de si, e isso o faz vai virando um bolo redondo e fofo de células, ou uma bola. a não existência de segundas intenções nessa bolinha de vida é algo muito natural e merece respeito. muito respeito. tanto respeito que seria correto um decreto vindo da fonte da mais pura verdade do universo e das galáxias girantes, autenticando como merecedores pais aqueles que tivessem total noção e respeito por si mesmos e pela vida. e não um esquema tipo assim ops ! fecundou.. mas não.. eu como bruta que sou, pareço ainda não dar-me conta que o perfeito da criação é a surpresa da imperfeição, a fragilidade do inesperado...

de qualquer forma.. o hábito, necessidade, vontade, descuido de fazer procriar nossa espécie nos faz relembrar valiosas memórias, valiosos segredos, nossos cantinhos secretos de quando não tínhamos outra intenção que não viver e concentrar mais vida e sermos redondos, fluidos e harmoniosos, escutando o coração da barriga mãe e vivendo a música desse grande mistério...

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