segunda-feira, 6 de outubro de 2008

virtude

Como um amor desapegado com cara de desenrolado eu almejo amar. Assim como almejo também já me vem um desejo de deixar de almejar. Pois o querer me corrompe e dói me faz ser avulsa difusa, pesar os prós e contras e me descabelar. Pega um beija-flor livre, espiralando nas curvas do espaço, indo no mel da flor.

Ali repousa o imutável ser de dentro, na atitude é ele quem me dá alento. Numa mesma inspiração, expiramos a paz do silêncio. À altura da poesia me transmite sua nobre companhia e nas asas dessa alguma coisa vou.

Não me atrevo a chamar de Deus pois o que a mim cabe a conhecer sou eu, e sendo ele tudo, somos nós. Enquanto penso e escrevo vão-se as ondas e essa telepatia que ronda diz verdades que às vezes doem.

Porém me parece impossível calar os sentidos, sou viva e receptiva tudo se mostra como É. Só me cabe paciência e um pouco de reverência sem exagerar para não profanar o rito natural e seus cursos.

Com paciência recebo a presença em suas mil caras em suas mil roupas com suas mil vozes contando mil estórias, criando a ilusão do antes e do depois. Não sou boba nem esperta, quando estou em mim procuro o Ser alerta...quando sou mil me esvaio nas profundezas dessa imensidão.

No peito remexe um coração que bate descompassado de amor como uma das mil músicas que ouvi. Procuro afiná-lo ao som e ser melodia muito clara ..por vezes dissonando desse mundo em que estou. Sou mesmo eu no mundo e o mundo em mim, ecologia nesse ser que habito, comer broto, sentar zazen, refletir sobre o que é a virtude do bem e comer muito mamão.

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