quarta-feira, 2 de abril de 2008

Círculo Virtuoso

A receita mais torturante de um vir a ser poderia vir a ser a insistência em matar-se como se é... e das raízes profundas renascer, nunca morrer completamente...

Já não sei se vivo morrendo ou morro vivendo. Porque nunca existe a quietude de uma satisfação com o que se é. A tranquilidade de se estar trilhando um caminho que leva à realização, em harmonia com um bem maior, à ecologia da terra, à minha própria saúde, digo 100%, nunca dá..

Sinto tentar dobrar-me para caber na caixinha... Sou muito mutável, me enrolo mas nunca alcanço este estado de estar fixa...com identidade estabelecida.. às vezes morro, paro de respirar.. pareço estar fixa num estado.. por alguns segundos me divirto parada.. Depois uma inspiração me vem e mudo de forma, de rumo, de fluxo...

Especialmente depois de misturar-me à alguém na dança dos corpos, sinto meu fluxo interno correndo e em minhas veias e artérias a correnteza que deságua no oceano do meu coração. É o nirvana, o acalmar da alma.. a paz completa descrita como um simples pulso. E é assim que posso seguramente afirmar: Vida ! A eletricidade circula em minhas artérias e se irradia em quarteirões.. Sou por dentro um conjunto de movimentos que se assemelha as órbitas planetárias se expandindo em torno do centro magnético de toda a existência.

Sem a dança há rompimentos.. Não gosto de falar em rompimentos..
Mas paradoxalmente compartilho de sentir necessidade deles.. Talvez não seja mais que uma pequena pausa na vida. A pausa que mais parece uma morte. Melhor, uma vida silenciosa que existe no escuro.. Ou como a volta da onda, que agrupa em si todos os ângulos que tornam saudável o seu desenrolar.. Se consigo abrir caminhos dentro de mim para simplesmente deixar passar aquilo que me ameaça, aí encontro a eterna sabedoria que une as pausas ao movimento mais espontâneo.. Me sacio !

A inquietude em surfar nesse mar me perspassa, sou tomada pela ação. E o impulso de me lançar à vida é talvez suicida. Porque minha vida para viver precisa sempre ser morrida e daí com força, renascida..

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